Lisiani Rotta

A interpretação

Por Lisiani Rotta
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Impressionada com a polarização de sentimentos e opiniões que marcam a ferro e fogo a nossa era, tentando compreender porque valores essenciais são desprezados por quem devia zelar por eles, porque as leis que nos parecem tão claras tomam o sentido inverso quando mudam de mãos, porque o que está escrito é compreendido de forma tão diferente pelos que o leem; recorri à língua portuguesa e o nosso belo idioma, sabiamente, me fez ver o óbvio. Uma vírgula muda tudo.

“Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro à sua procura”. Provavelmente, as mulheres colocariam a vírgula depois da palavra mulher e os homens, depois da palavra tem.

Encontrei na página da professora Karine, na internet, um velho conto que, muito oportunamente, lembrou-me da importância dos detalhes diante à pequenez da alma humana.

A herança e a pontuação:
“Um homem rico agonizava em seu leito de morte. Pressentindo que o fim estava próximo, pediu papel e caneta e escreveu apressadamente: Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.

Os quatro envolvidos compreenderam de forma diferente a vontade do falecido. O sobrinho fez a seguinte pontuação: Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

A irmã, por sua vez, pontuou assim: Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

Já o padeiro, pontuou: Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

Os descamisados deram outra interpretação à vontade do bom senhor. Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.

Moral da história: As palavras podem ser interpretadas de várias maneiras. Tudo depende de quem faz a pontuação.

Este complexo assunto me remeteu a um livro, um dos mais lindos que eu li, sobre a essência da alma humana. Deixo como dica de leitura edificante o belíssimo clássico Flores para algernon, de Daniel Keyes. Precisamos reforçar os nossos valores. Boa Semana!​

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